Antônio Astolpho dos Santos
Meu pai aos 23 anos
LEMBRANÇAS DE UMA VIDA
SALVADOR, 11 DE FEVEREIRO DE 2011
Lembranças que vem e que vão à procura do que aconteceu ao
longo dos anos desde antes que eu saiba da minha concepção.
Fico a imaginar como tudo aconteceu até chegar a mim e meus
irmãos. É uma trajetória difícil que só posso pensar “fertilmente” sobre esse
legado... E vamos lá para os tempos que já lá vão.
Disseram alguns parentes até já falecidos, que ao terminar a
monarquia na Itália, o que é um pouco fictício, porque não tenho a certeza em
documentos, fatos e fotos de nada. Creio que pelos anos de 1815 ou antes uma família de nobres da Toscana,
barões se não me engano, foi forçada a deixar a Itália para ir banida para a Turquia.
Minha prima Glafira Astolpho disse que o patriarca Tomazio Delcoronatti Orioli com sua família pegaram um navio que pela mão
do destino, veio dar no Brasil, em
Salvador/Bahia. (Tenho tanta curiosidade em saber a verdade).E de acordo com a
minha imaginação, foram para Maragogipe. Não sei quantos filhos vieram e se
ficaram todos aqui. Penso que não, pois há essa família Orioli no sul do
Brasil. Lá a minha trisavó Maria Anunciatta Erane Orioli teve uma filha por nome Rosa que se casou com
um comerciante de charutos, Gustavo Astolpho Gonçalves.
Por causa da firma de charutos, o
sócio dele achou por bem tirar o nome Gonçalves. Na certidão original de
nascimento de meu pai tem um adendo que diz que o seu avô Gustavo chamava-se
Gustavo Astolpho Gonçalves e para não ter duplicidade de nomes retiraram o
Gonçalves e colocaram o nome dos Santos, ficando Gustavo Astolpho dos Santos.
Meu bisavô teve 5 filhos Antônio, Júlio, Justo (meu avô), Oscar e Clotilde. Não
sei dizer quem era mais velho ou mais novo. Júlio se desligou da família porque
se converteu em protestante coisa que a família muito católica não aceitou,
então ele foi morar em Jaguaquara. Porém não sei se manteve o sobrenome porque
nunca ouvi falar dele, a não ser meu pai que mantinha uma amizade com ele
quando foi morar em Jequié, muitos anos depois. Sendo médico de toda a família
desse tio meu.
Antônio Astolpho dos Santos,
retirou o sobrenome dos Santos, ficando só Astolpho, era casado mas não sei
qual era o nome da mulher dele, teve dois filhos Ivo e Ruy. Tio Ivo casou-se
duas vezes, sendo que com primeira teve uma filha, que não sei o nome, e que
atualmente morava em Ilhéus. Com a segunda mulher, acho que Maria, ele teve 5
filhos Letícia, Ivo, Uriel, Islan,Antonio Ivo e Mariva. Tio Ruy casou-se com
tia Bazinha (não sei o nome dela) e teve dois filhos um menino Gabriel que
morreu criança e Glafira que morreu solteira aos 80 anos.
Justo Astolpho dos Santos, não
retirou o sobrenome dos Santos, e
casou-se já mais velho, com uns 34 anos. Ele era caixeiro-viajante e numa
dessas viagens em Bom Jesus da Lapa conheceu minha avó, Carolina Ribeiro de
Magalhães então com 13 anos e vieram
morar em Salvador. Aos 14 anos minha avó teve meu pai, Antônio Astolpho dos
Santos e no ano seguinte teve meu tio Orivaldo que não manteve o sobrenome dos
Santos, pois não gostavam desse sobrenome.
Não sei por que meu pai não optou
pela retirada do sobrenome dos Santos.
2
Reparem que tudo nessa família era
misterioso.
Meu avô Justo morreu
prematuramente, deixando meu pai com 9 anos e meu tio Valdinho como era chamado
com 8 anos. Minha avó foi para Bom Jesus da Lapa com meu tio Valdinho e meu pai, ficou sendo
educado pelos tios Oscar e Clotilde, que eram seus padrinhos. Tia Clotilde era
conhecida por Dindinha. A educação de meu pai era rigorosa, cheia de etiquetas
e religiosidade. Enquanto a educação de meu tio Valdinho foi mais leve.
Oscar Astolpho dos Santos era um
senhor bonito meio calvo, olhos azuis e era o pai de tia Urânia. Ele teve outro
filho, que também é outro mistério, que só tia Urânia, hoje com 90 anos, sabe e
não quer saber de contar. Esse filho foi para São Paulo, mas não sabemos o nome
dele e nem de seus descendentes. Mas um ramo que se perdeu da árvore
genealógica.
Clotilde Astolpho dos Santos era
solteira, magrinha, muito bonita, cheia de etiquetas e tradições. Cuidou de meu
pai como se fosse seu filho, dando-lhe uma educação e formação criteriosa, pois
meu pai era um homem simples, de caráter e moral acima de tudo. Ele trabalhou desde os 12 anos no telégrafo,
emprego conseguido por nomeação pelo primo Ruy Astolpho, à noite e estudando
durante o dia. Ficou sendo arrimo de família.
Tio Ruy era como um irmão para meu pai. Um homem bom e bonito. Magrinho,
festeiro e alegre até que perdeu seu filho. Ficando revoltado e tornou-se ateu.
Lembro-me bem dele, que me chamava de turista de Jequié. Gostava de cachorro e
tinha um por nome Molequinho. Meu pai amava esses parentes e me lembro de
quando meu tio Ruy morreu de derrame, depois de tomar um comprimido de AAS para
dor de cabeça aos 70 anos e quanto meu pai sofreu. Meu irmão Ruy tem esse nome
em homenagem a meu tio. Desde então tenho medo de tomar AAS.
Tio Ivo quando ficou muito doente
pediu a meu pai para tomar conta de uma de suas filhas, Islan, que era afilhada
de meu pai e de minha mãe. Tia Nanan, como a chamamos, é uma irmã querida que
temos. Ela foi para nossa casa com 12 anos. Seus irmãos também foram para casas
de outros parentes. E com tia Urânia ficou Mariva.. Os outros, acho que foram
para Castro Alves. Mariva e Ivo já faleceram, moravam aqui em Salvador. Letícia
está bem velhinha e mora na Federação. Uriel não sei. e Antônio Ivo mora com sua família em Simões
Filho.
Meu tio Valdinho casou-se com
Ismênia e tiveram 4 filhos Rosa Maria, Antônio Astolfo, Ana Maria e Orivaldo.
Rosa Maria quando meu tio morreu foi passar uns dias lá em casa em Jequié, e lá
conheceu Paulo Bitencourt e casou-se com ele aos 15 anos. Já grávida foi
acometida pelo vírus da paralisia infantil, ficando paralítica das pernas.
Mesmo assim teve 4 filhos. Rita, Cristina, José e Rosana. Orivaldo teve
diabetes juvenil e morreu jovem deixando 2 filhas. Ana Maria tem filhos e
Antônio Astolfo perdeu uma filha
recentemente num assalto. Não sei quantos filhos ele tem. Alguns deles se
afastaram de nós. Não sei o motivo. É outro mistério!
3
Meu pai, Antônio Astolpho teve uma vida simples e honrada.
Conheceu minha mãe em Santa Inês, quando foi trabalhar no Telégrafo de lá pelos
idos de 1928. Minha mãe tinha 14 anos e
era segundo ele muito linda e uma rosa não seria mais que ela. Isso eu ouvi de
minha mãe. Ficou noivo e voltou para Salvador para trabalhar e conseguir meios
para se casar. Ficaram mais ou menos seis anos noivos, comunicando-se apenas
por cartas frequentemente duas a três vezes por semana, pena que eu nunca tive
acesso a aquelas cartas. Em 1934, ele pode enfim se casar e enviou uma carta
para minha mãe se aprontar, pois já tinha conseguido comprar uma casinha para
eles. E em 26 de dezembro de 1934 eles se casaram e foram morar em Salvador.
Lá, tiveram três dos seis filhos, Maria, Consuelo e Antônio. No ano de 1942,
ele se formou em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, lá na Praça da
Catedral. Nesse ínterim teve duas propostas que definiriam suas vidas... A
primeira, vinda do colega de Telégrafo e também médico, Juscelino Kubistchek
convidando-o para ir morar em Diamantina, Minas Gerais. E a outra de meu avô
Juca Rebouças para fixar residência em Jequié. Optou pela segunda e então em
1943 mudou-se com a família Jequié, onde eu e meus dois irmãos Ruy e Hugo
nascemos.
Bem...agora aqui começa outra história!
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