sexta-feira, junho 12, 2015

UMA FAMÍLIA MISTERIOSA...

Antônio Astolpho dos Santos 
Meu pai aos 23 anos

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA
SALVADOR, 11 DE FEVEREIRO DE 2011

Lembranças que vem e que vão à procura do que aconteceu ao longo dos anos desde antes que eu saiba da minha concepção.
Fico a imaginar como tudo aconteceu até chegar a mim e meus irmãos. É uma trajetória difícil que só posso pensar “fertilmente” sobre esse legado... E vamos lá para os tempos que já lá vão.
Disseram alguns parentes até já falecidos, que ao terminar a monarquia na Itália, o que é um pouco fictício, porque não tenho a certeza em documentos, fatos e fotos de nada. Creio que pelos anos de 1815  ou antes uma família de nobres da Toscana, barões se não me engano, foi forçada a deixar a Itália para ir banida para a Turquia. Minha prima Glafira Astolpho disse que o  patriarca Tomazio Delcoronatti Orioli  com sua família pegaram um navio que pela mão do destino,  veio dar no Brasil, em Salvador/Bahia. (Tenho tanta curiosidade em saber a verdade).E de acordo com a minha imaginação, foram para Maragogipe. Não sei quantos filhos vieram e se ficaram todos aqui. Penso que não, pois há essa família Orioli no sul do Brasil. Lá a minha trisavó Maria Anunciatta Erane Orioli  teve uma filha por nome Rosa que se casou com um comerciante de charutos, Gustavo Astolpho Gonçalves.
Por causa da firma de charutos, o sócio dele achou por bem tirar o nome Gonçalves. Na certidão original de nascimento de meu pai tem um adendo que diz que o seu avô Gustavo chamava-se Gustavo Astolpho Gonçalves e para não ter duplicidade de nomes retiraram o Gonçalves e colocaram o nome dos Santos, ficando Gustavo Astolpho dos Santos. Meu bisavô teve 5 filhos Antônio, Júlio, Justo (meu avô), Oscar e Clotilde. Não sei dizer quem era mais velho ou mais novo. Júlio se desligou da família porque se converteu em protestante coisa que a família muito católica não aceitou, então ele foi morar em Jaguaquara. Porém não sei se manteve o sobrenome porque nunca ouvi falar dele, a não ser meu pai que mantinha uma amizade com ele quando foi morar em Jequié, muitos anos depois. Sendo médico de toda a família desse tio meu.
Antônio Astolpho dos Santos, retirou o sobrenome dos Santos, ficando só Astolpho, era casado mas não sei qual era o nome da mulher dele, teve dois filhos Ivo e Ruy. Tio Ivo casou-se duas vezes, sendo que com primeira teve uma filha, que não sei o nome, e que atualmente morava em Ilhéus. Com a segunda mulher, acho que Maria, ele teve 5 filhos Letícia, Ivo, Uriel, Islan,Antonio Ivo e Mariva. Tio Ruy casou-se com tia Bazinha (não sei o nome dela) e teve dois filhos um menino Gabriel que morreu criança e Glafira que morreu solteira aos 80 anos.
Justo Astolpho dos Santos, não retirou o sobrenome dos Santos,  e casou-se já mais velho, com uns 34 anos. Ele era caixeiro-viajante e numa dessas viagens em Bom Jesus da Lapa conheceu minha avó, Carolina Ribeiro de Magalhães então com 13 anos  e vieram morar em Salvador. Aos 14 anos minha avó teve meu pai, Antônio Astolpho dos Santos e no ano seguinte teve meu tio Orivaldo que não manteve o sobrenome dos Santos, pois não gostavam desse sobrenome.
Não sei por que meu pai não optou pela retirada do sobrenome dos Santos.
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Reparem que tudo nessa família era misterioso.
Meu avô Justo morreu prematuramente, deixando meu pai com 9 anos e meu tio Valdinho como era chamado com 8 anos. Minha avó foi para Bom Jesus da Lapa  com meu tio Valdinho e meu pai, ficou sendo educado pelos tios Oscar e Clotilde, que eram seus padrinhos. Tia Clotilde era conhecida por Dindinha. A educação de meu pai era rigorosa, cheia de etiquetas e religiosidade. Enquanto a educação de meu tio Valdinho foi mais leve.
Oscar Astolpho dos Santos era um senhor bonito meio calvo, olhos azuis e era o pai de tia Urânia. Ele teve outro filho, que também é outro mistério, que só tia Urânia, hoje com 90 anos, sabe e não quer saber de contar. Esse filho foi para São Paulo, mas não sabemos o nome dele e nem de seus descendentes. Mas um ramo que se perdeu da árvore genealógica.
Clotilde Astolpho dos Santos era solteira, magrinha, muito bonita, cheia de etiquetas e tradições. Cuidou de meu pai como se fosse seu filho, dando-lhe uma educação e formação criteriosa, pois meu pai era um homem simples, de caráter e moral acima de tudo. Ele  trabalhou desde os 12 anos no telégrafo, emprego conseguido por nomeação pelo primo Ruy Astolpho, à noite e estudando durante o dia. Ficou sendo arrimo de família.  Tio Ruy era como um irmão para meu pai. Um homem bom e bonito. Magrinho, festeiro e alegre até que perdeu seu filho. Ficando revoltado e tornou-se ateu. Lembro-me bem dele, que me chamava de turista de Jequié. Gostava de cachorro e tinha um por nome Molequinho. Meu pai amava esses parentes e me lembro de quando meu tio Ruy morreu de derrame, depois de tomar um comprimido de AAS para dor de cabeça aos 70 anos e quanto meu pai sofreu. Meu irmão Ruy tem esse nome em homenagem a meu tio. Desde então tenho medo de tomar AAS.
Tio Ivo quando ficou muito doente pediu a meu pai para tomar conta de uma de suas filhas, Islan, que era afilhada de meu pai e de minha mãe. Tia Nanan, como a chamamos, é uma irmã querida que temos. Ela foi para nossa casa com 12 anos. Seus irmãos também foram para casas de outros parentes. E com tia Urânia ficou Mariva.. Os outros, acho que foram para Castro Alves. Mariva e Ivo já faleceram, moravam aqui em Salvador. Letícia está bem velhinha e mora na Federação. Uriel não sei.  e Antônio Ivo mora com sua família em Simões Filho.
Meu tio Valdinho casou-se com Ismênia e tiveram 4 filhos Rosa Maria, Antônio Astolfo, Ana Maria e Orivaldo. Rosa Maria quando meu tio morreu foi passar uns dias lá em casa em Jequié, e lá conheceu Paulo Bitencourt e casou-se com ele aos 15 anos. Já grávida foi acometida pelo vírus da paralisia infantil, ficando paralítica das pernas. Mesmo assim teve 4 filhos. Rita, Cristina, José e Rosana. Orivaldo teve diabetes juvenil e morreu jovem deixando 2 filhas. Ana Maria tem filhos e Antônio Astolfo  perdeu uma filha recentemente num assalto. Não sei quantos filhos ele tem. Alguns deles se afastaram de nós. Não sei o motivo. É outro mistério!
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Meu pai, Antônio Astolpho teve uma vida simples e honrada. Conheceu minha mãe em Santa Inês, quando foi trabalhar no Telégrafo de lá pelos idos de 1928. Minha mãe tinha  14 anos e era segundo ele muito linda e uma rosa não seria mais que ela. Isso eu ouvi de minha mãe. Ficou noivo e voltou para Salvador para trabalhar e conseguir meios para se casar. Ficaram mais ou menos seis anos noivos, comunicando-se apenas por cartas frequentemente duas a três vezes por semana, pena que eu nunca tive acesso a aquelas cartas. Em 1934, ele pode enfim se casar e enviou uma carta para minha mãe se aprontar, pois já tinha conseguido comprar uma casinha para eles. E em 26 de dezembro de 1934 eles se casaram e foram morar em Salvador. Lá, tiveram três dos seis filhos, Maria, Consuelo e Antônio. No ano de 1942, ele se formou em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, lá na Praça da Catedral. Nesse ínterim teve duas propostas que definiriam suas vidas... A primeira, vinda do colega de Telégrafo e também médico, Juscelino Kubistchek convidando-o para ir morar em Diamantina, Minas Gerais. E a outra de meu avô Juca Rebouças para fixar residência em Jequié. Optou pela segunda e então em 1943 mudou-se com a família Jequié, onde eu e meus dois irmãos Ruy e Hugo nascemos.
Bem...agora aqui começa outra história!



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