Preocupante? Sim ou não?
Muitas pessoas não sabem o
enorme progresso que a maioria dos países têm feito nas últimas décadas,
principalmente porque os noticiários estão recheados com a desgraça que os seres humanos provocam diariamente.
Que tal atualizar essa
visão de mundo, ganhar um pouco de perspectiva e, de quebra, de esperança?
De forma gradual, as
forças demográficas que impulsionaram o crescimento da população mundial no
século 20 estão mudando. Cinquenta anos atrás, a taxa média mundial de
fertilidade – o número de bebês nascidos por mulher – era 5. Desde então, esse
número caiu para 2,5 – algo sem precedentes na história da humanidade. A
fertilidade continua tendendo para baixo. Tudo graças a uma poderosa combinação
de educação feminina acesso a contraceptivos e ao aborto, e aumento da
sobrevivência de crianças.
As consequências demográficas são surpreendentes.
Na última década, o número total global de crianças de 0-14 anos se estabilizou
em torno de dois bilhões, e os especialistas das Nações Unidas preveem que a
população vai continuar assim ao longo deste século. É isso mesmo: a quantidade
de crianças no mundo de hoje é o máximo que haverá. Entramos na era do pico de
crianças. A população continuará a crescer à medida que essa geração
envelhecer. Assim, novos adultos serão adicionados à população mundial, mas, em seguida,
na segunda metade deste século, o rápido crescimento da população mundial vai finalmente chegar ao fim.
Cinquenta anos atrás, a expectativa média de vida no mundo era
de 60 anos. Hoje, é de 70 anos.
Além do mais, essa média na década de 1960
mascarou um enorme fosso entre a expectativa de vida em países “desenvolvidos”
e “em desenvolvimento”. Agora, a média atual de 70 anos aplica-se à maioria dos
povos do mundo (diferente da riqueza). Por exemplo, o Vietnã tem a mesma saúde que os EUA tinham em 1980, mas até
agora apenas a mesma renda per capita que os EUA tinham em 1880.
Por trás do aumento da expectativa de vida encontra-se uma queda
expressiva da mortalidade infantil. Tragicamente, 7 milhões das 135 milhões de
crianças nascidas a cada ano ainda morrem antes dos cinco anos de idade. Mas,
em 1960, uma em cada cinco crianças morriam antes da idade de cinco anos. Hoje
é uma em 20, e a taxa continua caindo. Um mito comum é que os cuidados de saúde
– por salvar a vida de crianças pobres – só levam ao crescimento populacional
mais rápido. Paradoxalmente, o oposto é verdadeiro. Por quê? Porque só há
demanda para o planejamento familiar quando a mortalidade infantil cai
bastante. Antes que isso aconteça, as mulheres continuam a ter filhos. As mais
rápidas taxas de crescimento populacional hoje estão nos países mais pobres e
em guerra com a maior mortalidade infantil, como o Afeganistão e a República
Democrática do Congo. Quando a taxa de mortalidade diminui, a demanda por
planejamento familiar sobe.
O que é pobreza extrema?
Os economistas definem como uma renda
de menos de US$ 1,25 (cerca de R$ 2,50) por dia. Na realidade, isso significa
que uma família não pode ter a certeza de que vai comer no dia seguinte. As
crianças têm de trabalhar em vez de ir para a escola. Elas morrem de causas
facilmente evitáveis, como pneumonia, diarreia e malária. E para as mulheres,
isso significa fertilidade descontrolada e famílias de seis ou mais filhos.
Mas o número de pessoas em situação de pobreza extrema, de
acordo com o Banco Mundial, caiu de dois bilhões em 1980 para pouco mais de um
bilhão hoje. Apesar de muitas pessoas no mundo ainda viverem em uma renda muito
baixa, seis dos sete bilhões já estão fora da pobreza extrema e esta é uma
mudança fundamental.
Essas famílias têm menos filhos, dos quais a grande
maioria vai sobreviver, obter comida suficiente e ir à escola.
Na verdade, pela
primeira vez, a evidência sugere que agora é possível para o último bilhão
também sair da miséria nas próximas décadas.
Mas isso só acontecerá se eles
receberem, de seus governos e do mundo em geral, a ajuda que precisam para se
manterem saudáveis e terem educação. [BBC]
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